Por Jorge Paulino
Engenheiro Eletricista
Passado a comoção das tragédias, se faz necessário a reflexão do que causou essas calamidades.
Inundações, deslizamentos de terra e desabamentos de residências, são conseqüências do aquecimento do planeta? Ou esses desastres foram ocasionados pela ocupação e intervenção do homem no ecossistema? Ou o desconhecimento do histórico de fenômenos naturais na área?
Sim, todas as preposições estão corretas.
Mas o que aconteceu no Rio de Janeiro e em Angra dos Reis?
A alta pluviosidade foi um dos principais condicionadores dos movimentos do solo, nas zonas morfológica e geologicamente susceptíveis a estes fenômenos, os movimentos não ocorreram somente diante dos excepcionalismos pluviométricos.
O desgaste das rochas pela ação do sol, dos ventos e das chuvas, ocasionou a erosão criando uma camada espessa (entre a superfície e a rocha dura), extremamente permeável.
Quando chove muito, a água ocupa toda essa camada que encharcado e pesado tornam os deslizamentos inevitáveis, mas é relativamente possível calcular os riscos e impedir construções e a permanência humana em algumas zonas mais críticas.
Em meu artigo “O ciclo das águas“, publicado em Agosto de 2009, eu tracei um paralelo entre as forças da natureza e a intervenção do homem no Ecossistema.
Precisamos repensar na ocupação desordenada do solo urbano, nos projetos de arquitetura, nos novos empreendimentos e principalmente nas características de cimentização e verticalização das cidades.
O que o homem toma da natureza, será cobrado mais tarde, e com o sacrifício de vidas.
As conivências dos nossos governantes com o poder econômico e com o poder político sempre acarretam tragédias.
Mas quem será responsabilizado?
Certamente responsabilizarão a fúria da natureza!
Autorizada a reprodução total ou parcial deste Artigo, desde que citada a fonte. Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de trechos ou partes, em qualquer sistema de processamento de dados.
Reproduzo agora o Comentário do Engenheiro Civil, Wanderson T. de Souza
Caro colega, Eng. Jorge Paulino as tragédias ocorridas eram previsíveis, tanto em Angra quanto no Rio de Janeiro. Perfeito as indagações do texto. Sim, existem históricos de acontecimentos nas regiões e a intervenção danosa do homem no ecossistema. Como Engenheiro Civil, posso afirmar que suas considerações quanto aos deslizamentos e desabamentos das residências estão corretas. Aqui em São Paulo as constantes inundações fazem parte de uma rotina quase que diária. É de impressionar? Não, é previsivel. É exatamente o descrito em seu artigo "O Ciclo das Águas", o crescimento desordenado dos Centros Urbanos, a cimentização tornando a cidade mais impermeável e a verticalização mudando o micro clima da região.
Medidas urgentes precisam ser tomadas tais como:
1-novos formatos de projetos de Prédios e Edificações com captação das aguas Pluviais; 2- a criação de mais áreas verdes e com permeabilidade; 3- a desocupação das áreas de inundação nas margens dos rios e o estudo de vazão dos rios para a definição das suas calhas; 4- a criação de cinturões verdes nas encostas. Espero que tenhamos um 2010, iluminado e menos trágico, precisamos lembrar o grande Tom Jobim e a sua melodia "Águas de Março fechando o verão" Eng. Wanderson T. de Souza
Republicação do artigo, escrito para o blog GamaCoopera em agosto de 2009, e também publicado no site Artigonal,
Disponivel também em http://gamacooperarecicla.blogspot.com/
Por Jorge Paulino
Engenheiro Eletricista
O modelo atual de crescimento urbano, é o exemplo em que as mudanças radicais impostas pelas atividades humanas, produzem condições atmosféricas diferentes das encontradas em algumas décadas atrás.
A desordem urbana determinou o fim das margens dos cursos d’água, das matas ciliares, dos rios, modificando todo o ecossistema da região.
As enchentes, sempre fizeram parte de um ciclo natural, o “ciclo das águas e da vida”, e nós precisamos rever essa relação Homem/Natureza.
A natureza deve ser respeitada, não devemos tentar exercer sobre ela um domínio supremo.
Rios caudalosos e com grande volume de água, tem seu percurso em formato curvilíneo como uma serpente se deslocando nas planícies.
O formato evita o aumento da velocidade das águas em épocas das chuvas.
Porque retifica-lo?
As áreas cobertas de asfalto e cimento tornam o solo totalmente impermeável, impossibilitando a absorção da água da chuva pela terra, fazendo a água correr mais rápidas, atingindo a cidade rapidamente, afinal não podemos reduzir o volume de chuvas.
Precisamos sim, despertar a consciência nas crianças e nos jovens da importância do descarte correto do lixo, não devemos jogá-lo nos rios – pois além de poluí-los, causaremos o assoreamento e acumulo nas bordas- deixando-os mais rasos e estreitos, e possivelmente causando, transbordamento nas cheias.
Precisamos sim, cobrar do poder público, planos e projetos embasados em uma visão de ocupação e uso sustentável do solo, respeitando os processos ecológicos naturais.
Não existem mágicas para evitar os transbordamentos dos rios e os alagamentos das vias públicas, mas algumas mudanças nas estruturas dos grandes centros urbanos podem minimizar o efeito do excesso de água.
Autorizada a reprodução total ou parcial deste Artigo, desde que citada a fonte. Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de trechos ou partes, em qualquer sistema de processamento de dados.
Muito bom esse blog Jorge, está de parabéns!
ResponderExcluirEu estou me formando em Engenharia de Produção também e já atuei numa empresa de distribuição de energia elétrica. Seu blog vai ser muito útil para mim. Vamos manter contato.
Um forte abraço,
Rigoni
Caro colega Rigoni, agradeço os elogios.
ResponderExcluirO Blog é uma ferramenta de disseminação de conhecimentos e de aprendizado.
Se quiser postar qualquer artigo, ele também está aberto para isso.
Abraço
Caro amigo, Eng. Jorge Paulino, todo ano assistimos as tragédias do período das chuvas, todo ano os políticos vem à imprensa falar dos planos e do irão fazer, (não o fazem) e guardam o discurso para o próximo período de chuvas.
ResponderExcluirAgora te pergunto:
1- nos orçamentos não tem a previsão de obras? Creio que sim;
2- se não usado qual o destino deste dinheiro?
3- se as promessas de campanha não forem cumpridas existe algum dispositivo jurídico para
impechament do Político?
4- A Prefeitura e os governos dos Estados, poderão ser penalizados?
Nesse caso quais nossos direitos?
Precisamos de fazer uma revolução de princípios e de posturas, precisamos dar um basta a demagogia.
Caro colega, Eng. Jorge Paulino as tragédias ocorridas eram previsíveis, tanto em Angra quanto no Rio de Janeiro.
ResponderExcluirPerfeito as indagações do texto.
Sim, existem históricos de acontecimentos nas regiões e a intervenção danosa do homem no ecossistema.
Como Engenheiro Civil, posso afirmar que suas considerações quanto aos deslizamentos e desabamentos das residências estão corretas.
Aqui em São Paulo as constantes inundações fazem parte de uma rotina quase que diária.
É de impressionar?
Não, é previsivel.
É exatamente o descrito em seu artigo "O Ciclo das Águas", o crescimento desordenado dos Centros Urbanos, a cimentização tornando a cidade mais impermeável e a verticalização mudando o micro clima da região.
Medidas urgentes precisam ser tomadas tais como: 1-novos formatos de projetos de Prédios e Edificações com captação das aguas Pluviais;
2- a criação de mais áreas verdes e com permeabilidade;
3- a desocupação das áreas de inundação nas margens dos rios e o estudo de vazão dos rios para a definição das suas calhas;
4- a criação de cinturões verdes nas encostas.
Espero que tenhamos um 2010, iluminado e menos trágico, precisamos lembrar o grande Tom Jobim e a sua melodia "Águas de Março fechando o verão"
Eng. Wanderson T. de Souza
Caros Amigos Marlon e Wanderson, agradeço os comentários.
ResponderExcluirMarlon concordo com a sua colocação.
Quanto as indagações, a primeira é sim todo Governo tem sua dotação de verbas.
Quanto ao destino das verbas que não foram usadas, o impechament de Políticos mentirosos e se a Prefeitura e os governos dos Estados poderão ser penalizados, realmente eu desconheço... .
Eng. Wanderson T. de Souza, creio que seu comentário é um importante anexo para o meu artigo, e eu resolvi postá-lo.
Agraço a ambos pelos comentários.
Eng. Jorge Paulino