Por Jorge Paulino
Engenheiro Eletricista e de Produção
A manutenção teve o seu início durante a revolução
industrial (séc. XIX) onde foram
criadas equipes especializadas com o objetivo de dar maior agilidade no reparo
e tinha como meta manter as máquinas funcionando (manutenções corretivas); a
partir da segunda guerra mundial, impulsionada pela industrial aeronáutica
começou o conceito da manutenção preventiva.
A Engenharia de Manutenção propriamente dita, começou
na crise do petróleo (década de setenta),
com a necessidade da racionalização dos custos; nas últimas quatro décadas, com
a globalização, com o incremento da competitividade, com a busca constante na
melhoria da qualidade e com o aumento na produtividade.
As empresas brasileiras despendem em média de 3,5% a 4,5% do seu faturamento em
manutenção, uma Engenharia de Manutenção bem implementada, reduzirá drasticamente
os custos relacionados ao funcionamento das máquinas, equipamentos e instalações.
Haverá também a melhoria na qualidade e aumento da
produção bem como a manutenção dos níveis de atendimento sendo uma importante
peça nas organizações modernas.
A implantação, o planejamento de manutenção e a gestão
correta, potencializam a diminuição de falhas e minimiza os problemas
decorrentes à estruturação da equipe - ociosidade da equipe, tornando-se de
extrema importância para possibilitar o aumento do lucro através do aumento da
produtividade – diminuição do número de falhas e do tempo de interrupção.
Segundo a pesquisa Mapa da
Manutenção, realizada pela Associação Brasileira de Manutenção (Abraman), a
indústria da manutenção movimentará cerca de R$ 145 bilhões em 2011 (21% maior) que no ano anterior.
Ainda segundo Abraman, esse crescimento está ligado
ao aumento da produção e a investimentos para evitar paradas não programadas e
acidentes ambientais.
Quando o tema é ativo físico, a
pesquisa revela que, para 39% das companhias ouvidas, a idade média dos
equipamentos e das instalações é de no máximo dez anos de utilização. Já 35,34%
das empresas têm ativos entre 11 a 20
anos e apenas 25,56% das indústrias possuem máquinas e plantas com idade
superior a 21 anos.
“É importante destacar que as
empresas declararam na pesquisa um aumento da manutenção preditiva,
permanecendo o nível da preventiva. Por essa razão, verificou-se um aumento na
disponibilidade operacional dos equipamentos, dado que mede o valor médio do
tempo em que os ativos físicos estiveram aptos para produzir, que ficou em
91,30%. Esse número está dentro dos padrões internacionais”, explica Lafraia.
A última edição também revela a
tendência, que é percebida desde 2005, do crescimento do nível hierárquico da
“Gerência de Manutenção. Isso significa ênfase na gestão e, por consequência,
necessidade, cada vez maior, de pessoal especializado (conhecimento, capacidade
e competência) na condução da gestão da manutenção nas companhias. A pesquisa
mostra que 49,65% das empresas demandam por mão de obra com maior grau de
especialização, além de exigir cada vez mais a capacitação do profissional de
manutenção em mais de uma especialidade. “Esse dado cresceu 7% nos últimos dez
anos, o que mostra a atenção e a relevância que as organizações estão
atribuindo à manutenção”, conclui Lafraia.
Planejamento, Organização e Administração da Manutenção
Planejamento, Organização e Administração da Manutenção
Hoje
a “Qualidade na Manutenção” tornou-se um objetivo estratégico nas Organizações,
foram introduzidas diversas ferramentas, sistemas e técnicas para uma gestão
por excelência, que nos dão um raio X do processo e também uma analise eficiente
para a tomada de decisão.
Através
do Planejamento e Controle da Manutenção, da Manutenção Produtiva, Preditiva e
Detectiva, da Manutenção das Instalações Prediais, do Monitoramento das
Condições por Análise de Vibração, da Análise de Falha e da Confiabilidade,
temos a dimensão para estabelecermos uma Gestão Estratégica de Serviços, o
mapeamento dos Custos de Manutenção, o controle efetivo e necessário de Pessoas
e Estoques e planejarmos uma Logística eficiente.
As Ferramentas de
Avaliação e Confiabilidade na Manutenção
TPM (Total Productive
Maintenance)
São
métodos destinados a garantir que cada equipamento em um processo de produção
seja sempre capaz de realizar as tarefas necessárias para que a produção;
através da integração de pessoas, processos e equipamentos. Todo o trabalho de
implantação deve ter como foco as dimensões “PQCDSM” (produtividade,
qualidade, custos, atendimento ao cliente, segurança e moral).
A
melhor maneira de se atingir a metas da TPM é conhecer, analisar e eliminar as
grandes perdas que podem ocorrer na empresa. Acidentes no trabalho, fluxo
inadequado de documentos e limpeza inadequada são alguns exemplos de perdas.
Oito Pilares sustentam
o Programa TPM:
1. Manutenção Autônoma;
2. Manutenção Planejada (ou Manutenção Programada);
3. Melhorias Específicas;
4. Educação e Treinamento;
5. Manutenção da Qualidade;
6. Controle Inicial;
7. TPM Administrativo;
8. TPM Segurança, Saúde e Meio Ambiente.
RCM / MCC
RCM - Reliability Centered
Maintenance (RCM) ou (MCC)
São
processos utilizados para a determinação do tipo de metodologia de manutenção
mais efetivo para o tratamento de falhas potenciais. O processo de
desenvolvimento do RCM envolve a identificação de ações que, quando executadas,
irão reduzir a probabilidade de falhas em um equipamento, bem como seus custos
de manutenção.
FMEA (Failure Mode and Effects Analysis)
É
um estudo sistemático e estruturado das falhas potenciais que podem ocorrer em
qualquer parte de um sistema para determinar o efeito provável de cada uma
sobre todas as outras peças do sistema e no provável sucesso operacional, tendo
como objetivo melhoramento no projeto, produto e desenvolvimento do
processo. Ferramenta preventiva e quando
bem aplicada possibilita: Reconhecer e avaliar falhas potenciais de um produto,
processo ou equipamento e seus efeitos; Identificar ações que possam eliminar
ou reduzir a chance de uma falha potencial ocorrer; Auxilia na elaboração do
plano de manutenção do equipamento; Identificar falhas e seus efeitos;
Classificar possíveis deficiências de projeto e processo; Auxiliar a focar na
prevenção e eliminação de problemas de produtos e processos que possam vir a
ocorrer.
Análise do Trabalho
de Manutenção (ATM)
Análise
realizada através da avaliação da atividade de manutenção, utilizando manuais,
padrões ou referências que serviram de base para capacitação do mantenedor.
Através desta análise é possível identificar oportunidade de melhoria nos
documentos, a correção de procedimentos e até mesmo se o mantenedor segue
corretamente os passos da atividade, percebendo se a capacitação que este
recebeu foi adequada. A intenção é a
auditoria do sistema e dos documentos e não da pessoa.
A Análise Radar
Avaliação
de situação do sistema de manutenção através de entrevista com toda a força de
trabalho, utilizando um questionário padronizado e objetivo. O gráfico radar proporciona ao avaliador a
apresentação de várias dimensões simultaneamente com fácil visualização
comparativa, além da colocação lado a lado de diferentes indicadores de
influência direta na implantação e gestão de todos os passos da integração da
manutenção.
Controle
de Perdas e Análise de Desempenho
Levantamento comparativo dos índices de gestão de
manutenção de equipamentos e custos por gráficos do tipo pareto, dispersão e
outros, que possibilitam a visualização de oportunidades de melhoria em
equipamentos e sistemas, além do auxilia no processo decisório de gestão.
Mapeamento de
Criticidade
Criticidade
do equipamento está relacionada com a sua importância na produção da
empresa. A prioridade do equipamento
pode ser classificada de acordo com a sua criticidade. A criticidade de uma instalação ou
equipamento deve levar em conta os fatores de perda de produção, danos ao meio
ambiente, segurança, custo de reparo, tempo entre falhas, etc.
Criação
/ Gestão de árvore estrutural
A estruturação
da manutenção é um dos passos principais para a implantação de qualquer
ferramenta de gestão de manutenção, e a criação da Árvore Estrutural da unidade
operacional é a base para um bom planejamento de manutenção.
A Árvore
Estrutural é a diagramação em blocos sequenciais dos sistemas, subsistemas,
equipamentos, componentes e itens da planta.
PDCA
O
ciclo PDCA tem foco na melhoria contínua através da utilização de mapas
estatísticos e métodos de amostragem, tornando mais claros e ágeis os processos
envolvidos na execução da gestão. O ciclo começa pelo planejamento, em seguida
a ação ou conjunto de ações planejadas são executadas, checa-se se o que foi
realizado estava de acordo com o planejado, constantemente e repetidamente, e
toma-se uma ação para eliminar ou ao menos mitigar defeitos no produto ou na
execução.
D
= Do (execução): realizar, executar as atividades conforme o plano de ação.
C
= Check (verificação): monitorar e avaliar periodicamente os resultados,
avaliar processos e resultados, confrontando-os com o planejado, objetivos,
especificações e estado desejado, consolidando as informações, eventualmente
confeccionando relatórios. Atualizar ou implantar a gestão à vista.
A
= Action (ação): Agir de acordo com o avaliado e de acordo com os relatórios,
eventualmente determinar e confeccionar novos planos de ação, de forma a
melhorar a qualidade, eficiência e eficácia, aprimorando a execução e
corrigindo eventuais falhas.
SWOT
O
termo oriundo do idioma inglês é uma ferramenta utilizada para fazer análise de
cenário (ou análise de ambiente), sendo usado como base para gestão e
planejamento estratégico de uma corporação ou empresa, mas podendo, devido a
sua simplicidade, ser utilizada para qualquer tipo de análise de cenário.
MASP (Metodologia
de Análise e Soluções de Problemas)
Através
da coleta de dados que justifiquem ocorrências levantadas previamente e que de
fato causam anomalias ao sistema, se torna possível à utilização desta
metodologia. Inserida nesta metodologia, por exemplo, a Análise de Falha (Exame
lógico e sistemático de um item que falhou, para identificar e analisar o
mecanismo, a causa e as consequências da falha) através de ferramentas como
Diagrama de causa e Efeito 6M (Meio ambiente, Mão de obra, Métodos, Materiais,
Matéria-prima e Medidas) e 5W2H (What – O que?, When – Quando?, Where – Onde?,
Why – Por que?, Who – Quem?, How – Como? e How much – Quanto custa?).
WCM (World Class Manufactoring)
Uma
ferramenta igualmente importante na Engenharia de Manutenção é a Gestão pela
Implantação de indicadores de Classe Mundial que tem por objetivo levar a
empresa a obter os melhores níveis de desempenho do mundo. Usado por grandes empresas,
a sua implantação permite que se desenvolvam as melhores práticas das melhores
empresas do mundo.
Os
“Índices de classe mundial” são utilizados seguindo a mesma expressão em todos
os países e desta forma os resultados obtidos poderão ser comparados,
independente de sua dimensão ou ramo de atuação.
São
sete os índices, sendo cinco referidos a análise de gestão de equipamentos e
dois a gestão de custo, são eles:
- TMEF (Tempo Médio Entre Falhas);
- TMPR (Tempo Médio Para Reparo);
- TMPF (Tempo Médio Para Falha);
- DISP (Disponibilidade de equipamento);
- CONF (Confiabilidade de equipamento);
- CMFT (Custo de Manutenção por Faturamento);
- CMVR (Custo de Manutenção por Valor
Reposição).
Fontes: BrEMC -
Brasil Engenharia de Manutenção e Confiabilidade
Eng. Thiago Dutra - Engenheiro Mecânico com MBA em Engenharia de Manutenção
UFRJ
e-mail:
thiagodutra@engman.com.br ou contato@engman.com.br
Autorizada a reprodução total ou parcial
deste Artigo, desde que citada a fonte. Vedada a memorização e/ou recuperação
total ou parcial, bem como a inclusão de trechos ou partes, em qualquer sistema
de processamento de dados.
A Engenharia de Manutenção por se tratar do ramo da engenharia destinado a otimização de equipamentos e processos na manutenção, buscando o aumento da vida útil dos mesmos e o melhor aproveitamento dos recursos envolvidos, desde a capacitação do profissional até a gestão de grandes reformas, vem somatizar os esforços para tornar as empresas cada vez mais sustentáveis.
ResponderExcluirAs várias metodologias aplicadas como ferramentas às oportunidades de melhorias encontradas no planejamento, na gestão e na execução da manutenção das empresas, tornam a Engenharia de Manutenção um grande aliado na conquista de resultados expressivos de forma sustentável, não apenas pontuais. Sempre com foco na qualidade e na redução das perdas!
ResponderExcluirA importância da Engenharia de Manutenção aplicada a gestão das empresas, se torna cada vez mais visível a medida que a necessidade de se tornar competitivo de maneira sustentável se apresenta! O conhecimento e direcionamento para a aplicação de suas metodologias pode representar de maneira singular o diferencial para a obtenção do sucesso!!
ResponderExcluirEng. Jorge Paulino, concordo com as colocações do Eng Tiago Dutra. A Engenharia de Manutenção assume um papel primordial quando bem aplicada na gestão das empresas, o conhecimento das instalações e equipamentos são primordiais para o direcionamento das ações; em uma economia globalizada tempo X custo de produção tornam uma empresa mais ou menos competitiva.
ResponderExcluirMuito bom esse artigo, A importância da Engenharia de Manutenção no Planejamento Estratégico das Empresas, como técnico de manutenção, muitas as vezes somos colocados como responsáveis por um mal funcionamento dos equipamentos, porém quando se pede ferramental ou peças sobressalentes, a visão do gerente é que é um custo desnecessário e não um investimento.
ResponderExcluirCarlos Alberto
Creio que uma postura diferente deverá ser tomada por parte dos gerentes. Aqui na empresa a mentalidade é a mesma da empresa do Carlos, quebra-se e depois conserta-se.....
ResponderExcluirBom existem artigos que você escreve, sabe da importância do tema, mas não consegue mensurar a repercussão. Comecei a escrever este artigo e recebi o apoio do meu amigo Eng. Thiago Dutra - Engenheiro Mecânico com MBA em Engenharia de Manutenção UFRJ, através do site da sua empresa a BrEMC - Brasil Engenharia de Manutenção e Confiabilidade.
ResponderExcluirEm nossos papos, viamos que o setor está em crescimento e em plena implantação.
Era importante dar-se uma visão de que para a implantação da Engenharia de Manutenção nas Empresas é necessário que ela faça parte do Planejamento Estratégico das Empresas - com Planejamento, Organização e Administração da Manutenção e uso das ferramentas de Avaliação e Confiabilidade na Manutenção.
Nos seus comentários, o Eng. Thiago Dutra, fala exatamente sobre isso, o Engenheiro Wanderson Telles fala do papel primordial na gestão das empresas, principalmente no conhecimento das instalações e dos equipamentos e que em uma economia globalizada tempo X custo de produção tornam uma empresa mais ou menos competitiva e os leitores Carlos Alberto e Marlon Silva,falam das experiências nas empresas que trabalham.
Como o Eng.Thiago falou, as empresas tornam a Engenharia de Manutenção um grande aliado na conquista de resultados expressivos de forma sustentável, não apenas pontuais tendo sempre o foco na qualidade e na redução das perdas.
Bom Dia, gostaria de cumprimentá-lo pelo tema e texto, realmente em uma economia globalizada, torna-se fundamental o Planejamento Estratégico nas Empresas e hoje aqui nos Estados Unidos, concluindo uma Curso de Extensão e trabalhando verifico que eles dão uma importância enorme a isso nas empresas.
ResponderExcluirVera A. de Wendler
Excelente e muito atual este post. Parabéns
ResponderExcluirAntônio A. Oliveira
Boa tarde, conheci o site através dos elogios e da indicação de um amigo; e apesar de atuar a alguns anos na área de administração predial eu nunca me interessei em buscar novas fontes de conhecimento. Achei muito boa a leitura dos artigos; engenharia social, o das crises mundiais entre outras; fica aqui os meus parabéns pelo site.
ResponderExcluirRoberto Silva