A informação para a sua formação, comentada de forma fácil e descomplicada pelo Engenheiro Jorge Paulino.
11 de maio de 2009
A Administração da Produção Parte 4 _ ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
Continuação do texto de Guilherme Arruda
ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS
De muitas formas, a administração de materiais é o inverso da distribuição física. Trata do fluxo de produtos para a firma ao invés de a partir dela. Muitas atividades da administração de materiais são compartilhadas com a distribuição física. Entretanto, existem algumas diferenças que são a chave da boa administração do fluxo de suprimento. Essas diferenças enfocam principalmente o modo pelo qual os fluxos são iniciados e sincronizados e a seleção das fontes de fornecimento.
A movimentação de bens na parte do abastecimento da empresa, a atividades de suprimento físico são bastante semelhantes àquelas da distribuição física, sendo as diferenças uma questão de grau e da maneira com que os fluxos são iniciados. Devido a estas similaridades, pode-se argumentar que a administração integrada do suprimento físico e da distribuição faz sentido para a maior parte das companhias.
Atividades Da Administração De Materiais
As atividades-chave para a administração de materiais sãs as mesmas da distribuição física:
• Processamento de pedidos;
• Transporte;
• Controle de estoques.
As atividades que apóiam estas funções-chave são:
• Obtenção;
• Armazenagem;
• Manuseio de materiais
• Projeto de embalagem;
• Sistema de informação logística (SIL).
O gerente de materiais utiliza essas atividades para suprir a operação da produção com peças e materiais necessários. Isto é realizado pelo abastecimento para estoque em antecipação a essas necessidades. O gerente de materiais procura oferecer bom nível de serviço de maneira eficiente.
Administração de materiais é função dentro da organização que tem diversos significados, dependendo de quem a define. Aqueles que a enxergam a partir do ponto de vista da distribuição física freqüentemente a vêem como atividade de compras. Aqueles com visão de compras a vêem como uma função que engloba, além das atividades de movimentação do fluxo de suprimento da organização, muitas das atividades da distribuição física.
A Administração de materiais tem a conotação de gerenciar as atividades de movimentação e estoque no lado do suprimento da organização. A função deveria incluir não apenas aquelas atividades que resultam no movimento de peças e materiais para a firma, mas também aquelas atividades preocupadas com a disposição de rejeitos e o retorno de materiais insatisfatórios aos fornecedores. Dessa forma, a administração de materiais vai além das atividades de compras e está voltada principalmente com o movimento de bens para o abastecimento da empresa.
1 - Processamento de pedidos
O primeiro elemento-chave das atividades logísticas primárias, é a entrada e processamento de pedidos. É uma atividade importante, pois sua duração faz parte do tempo de ciclo total, que é elemento-chave do nível de serviço oferecido aos clientes. Sua velocidade e precisão são itens importantes para a administração desta função. O fluxo de informações de pedidos é fator a ser considerado no projeto e operação do sistema logístico.
O processamento de pedidos subdivide-se em tarefas como:
• Entrada de pedidos
• Tratamento;
• Verificação de crédito;
• Relatórios de andamento; e
• Cobrança.
Nem todos estes processos afetam a duração do tempo de ciclo. O bom projeto do sistema minimiza o número destas tarefas a serem completadas em seqüência, de forma a abreviar o tempo de ciclo o máximo possível.
O ditado "tempo é dinheiro" está no coração das atividades de entrada e processamento de pedidos no composto logístico. A velocidade com que as informações precisas de vendas são comunicadas pelo sistema logístico freqüentemente determina a eficiência das suas operações do mesmo, sendo o fator-chave no nível de serviço finalmente oferecido ao cliente. Assim, comunicações lentas e imprecisas podem custar muito caro para a organização, pois consumidores irados transformam-se em vendas perdidas, os estoques tornam-se excessivos, o transporte fica imprevisível e a programação da produção pode gerar preparações desnecessárias e custosas. Processamento rápido e exato dos pedidos minimiza o tempo de resposta ao cliente e suaviza o comportamento do fluxo de mercadorias pelo sistema logístico.
Características da entrada e processamento de pedidos
As características essenciais da entrada e processamento de pedidos são:
1. A natureza da entrada e processamento dos pedidos;
2. As atividades básicas do sistema de entrada de pedidos;
3. Os enfoques alternativos para a entrada e processamento de pedidos;
4. Os procedimentos operacionais do sistema de entrada de pedidos.
O projeto e a operação do sistema de entrada e processamento de pedidos têm sido afetados pela moderna tecnologia mecânica e eletrônica. A decisão de optar-se pela automação deve ser cuidadosamente avaliada em função do volume de ordens a serem processadas e da flexibilidade necessária.
2 - Transporte
O transporte representa o elemento mais importante do custo logístico, na maior parte das firmas. O frete costuma absorver dois terços do gasto logístico e entre 9% a 10% do produto nacional bruto para a economia americana como um todo. Por esta razão, o especialista em logística deve ter bom conhecimento deste tema.
- Administração de transportes
A administração de tráfego ou de transportes é o braço operacional da função de movimentação realizada pela atividade logística. Sua principal responsabilidade é garantir, todo dia, que as operações de transporte sejam executadas eficaz e eficientemente.
• Quando são utilizados transportadores contratados, as principais preocupações estão no uso eficiente deles, em negociar os melhores fretes possíveis e na documentação necessária para iniciar o movimento de mercadorias, que serve para cobrança dos pagamentos e para estabelecer responsabilidade pelas mercadorias em trânsito;
• transporte próprio interessa-se principalmente em programar o uso eficiente do equipamento e em garantir o nível de serviço desejado. Diferentes tipos de decisão são tomadas em cada caso.
- Sistema de transporte
Logística pressupõe movimento de bens e serviços dos pontos de origem aos pontos de uso ou consumo; a atividade de transporte executa este movimento gerando os fluxos físicos dos mesmos ao longo dos canais de distribuição, que também são relacionados com a movimentação das unidades de transporte.
A atividade de transporte executa os movimentos de produtos ao longo dos canais de distribuição, mediante o uso de várias modalidade de transporte, que fazem os "links" entre unidades de produção ou armazenagem e os pontos de compra ou consumo.
a) Como mensurar as atividades de transporte
As atividades de transporte são mensuradas mediante dois parâmetros:
1. Distâncias percorridas entre os pontos de produção e de consumo;
2. Tempo em que os fluxos ocorrem. Denomina-se este parâmetro como “tempo em trânsito”, o qual é também uma variável muito importante em logística, pois influi nos volumes de estoque, nos custos de manutenção de estoques, nos períodos de cobrança e também no nível de serviços que uma empresa pode oferecer.
Os fluxos físicos nos canais de distribuição geram, portanto, as utilidades de tempo e de lugar e podem ser efetuados por modalidades de transporte de vários tipos, dependendo das decisões estratégicas que são tomadas em função dos seguintes fatores e características das transações:
• Tipo de produto - valor, peso, volume, perecibilidade, etc;
• Tipo de mercado - tamanho, local, vias de acesso, sazonalidade, etc;
• Método de compra - prazos, faturamento, frete adotado, etc;
• Localização - da unidade produtiva, redes de armazenagem, local dos pontos de transação ou compra dos bens;
• Variedade dos modos de transporte disponível.
b) A escolha das modalidades de transporte
A escolha das modalidades de transporte a serem utilizadas para efetuar operações logísticas eficientes está ligada às formas de desempenho de cada tipo de transporte, no que se relaciona com preço, capacidade, flexibilidade, tempo em trânsito, terminais, atributos intermodais, etc:
1. RODOVIÁRIO - serve para encomendas pequenas do tipo TL ou LTL (TL = truck load, LTL = less than truck load), curtas, médias e longas distâncias, com coleta e entrega ponto-a-ponto, e flexibilidade de rotas. Pode ser definida pela função:
TR = f(rotas, km, peso, preço)
2. FERROVIÁRIO - indicado para cargas de grande tonelagem, valor unitário baixo, sem urgência de entrega, apresenta taxa de danos alta, terminais fixos, não é usado quando se requer coleta e entrega ponto-a-ponto. Até os anos 60 era dominante em função da escassa oferta de caminhões e de malha rodoviária.
Terá que competir com hidrovias em certas áreas, quando estas estiverem prontas e disponíveis, pois a relação energia/tonelagem é bem mais favorável para o transporte fluvial. Nos EUA e na Europa observou-se um declínio do transporte ferroviário na crise energética de 1973 e também pela qualidade das hidrovias e redes de canais de navegação. As perspectivas futuras do transporte ferroviário no Brasil dependem dos programas de privatização, dos investimentos em novas ferrovias, frente à uma eventual e necessária recuperação de rodovias e da modernização dos portos.
3. HIDROVIÁRIO - Existem duas modalidades:
• Marítima - oceânica, costeira
• Fluvial - rios, canais de navegação e lacustre.
Esta modalidade tem possibilidades futuras positivas, embora não apresente flexibilidade de rotas e terminais. Depende, portanto, de soluções intermodais, da expansão do uso de containers, e de legislação que possibilite maior agilidade do processamento em armazéns alfandegados (dry-docks)
Com a inclusão de novos membros no MERCOSUL, principalmente aqueles situados na orla do pacífico e que poderão realizar exportações para a costa da Ásia, deve-se prever um aumento do transporte intermodal nesta região, com uso de rodovias até o Chile e containers embarcados para os mercados asiáticos. A tecnologia atual permite que sejam utilizados métodos como o "roll on - roll off" para remessa de veículos ou o "TOB ou COB", que tornam possíveis, rápidas e seguras operações de embarque e desembarque.
4. AEROVIÁRIO - modalidade rápida,. segura, com nível de perdas e danos baixo, custos altos; devendo ser escolhido para médias e longas distâncias, para os produtos de alta densidade na relação: TAER = f(peso x volume x valor)
Adota-se também esta modalidade para remessas de urgência e cargas complementares de baixa durabilidade. A definição de fretes e cargas aérea deve ser sempre negociada, porque muitas vezes as companhias aéreas aceitam cargas de mais volume e menos peso, premidos pela necessidade de completar a carga da aeronave. O transporte aéreo apresenta tempo de viagem rápido, pois as aeronaves, como o Boeing 747, deslocam-se com velocidade entre 800 a 900 km/h. Esta vantagem pode, em muitos casos, ser prejudicada com um "time lag" maior em decorrência de poder haver congestionamento nos terminais, associados às demoras de alfândega e manuseio de palets nos pátios.
Em resumo, a seleção e o uso de transporte dentro do conceito moderno de logística, deve seguir um esquema que de maneira geral examina os seguintes pontos:
• Escolha da modalidade de transporte;
• Seleção do transportador (próprio ou terceiros);
• Operações executadas internamente ou externamente:
- Equipamento a ser utilizado;
- Contratos ou tarifas;
- Informações, sistemas e administração;
- Termos gerais dos fretes;
- Terminais de origem e destino;
- Recursos humanos internos e externos;
- Métodos e amplitude dos controles.
- Transporte internacional
O transporte internacional é uma área de interesse crescente e interessa ao profissional de logística. O equipamento utilizado domesticamente, com exceção de certos elementos, têm sua importância relativa alterada. Por exemplo, o container é popular no transporte internacional.
As rotas, naturalmente, são diferentes daquelas usadas internamente. O usuário de transporte internacional pode sentir-se sufocado pela maior documentação, pelas diferenças na responsabilidade do transportador, pelos vários procedimentos aduaneiros; todos eles complicados, porque dois ou mais governos têm jurisdição sobre a movimentação. Por sorte, existe um excesso de intermediários, agentes, despachantes de frete e comissariarias para auxiliá-lo.
3 - Controle de estoques
"Devemos sempre ter o produto de que você necessita, mas nunca podemos ser pegos com algum estoque" é uma frase que descreve bem o dilema da administração de estoques. O controle de estoques é parte vital do composto logístico, pois estes podem absorver de 25 a 40% dos custos totais, representando uma porção substancial do capital da empresa.
Os estoques se encaixam no composto de atividades logísticas. O inventário consome grandes somas de capital, que poderiam ser usadas em outros projetos da empresa. Também ele é necessário para manter o nível de serviço ao cliente, assim como a operação eficiente das atividades de produção e distribuição. Bom gerenciamento de estoques é essencial.
O enfoque apropriado para controlar os níveis de estoques deveria ser cuidadosamente desenvolvido a partir do padrão particular de demanda que cada produto apresenta. Apesar de muitas destas técnicas exigirem certos conhecimentos avançados de estatística e programação matemática, os casos mais importantes das técnicas de empurrar ou puxar estoques foram descritos em nível básico. Eles servem como métodos fundamentais para gerar procedimentos mais complicados de gestão: o enfoque just in time, que minimiza a necessidade de estoques de produtos acabados.
A administração de estoque tem como tarefa minimizar o investimento em inventário, ao mesmo tempo que providencia os níveis de disponibilidade almejados. Este é um problema de encontrar o balanço ótimo dos custos de aquisição, manutenção de estoque e faltas. Tanto os métodos teóricos como práticos, para controle de inventário, têm esta finalidade.
- Programação da produção e aquisição
No afã de garantir o fluxo de produtos numa organização, os profissionais de logística podem ter necessidades de coordenar seus esforços com atividades que não estão totalmente sob seu controle. A aquisição, suprimento, obtenção, ou qualquer que seja o título dado, é basicamente uma função de compras. A programação da produção é tradicionalmente uma responsabilidade da manufatura ou operação. Apesar disso, a administração destas áreas pode ter impacto significativo nos objetivos logísticos e estão mais e mais tornando-se parte das responsabilidades do pessoal de logística. Por isso, estes devem preocupar-se com aqueles aspectos da aquisição e da programação da produção que podem afetar o fluxo de materiais.
A aquisição e a programação da produção são duas atividades que afetam substancialmente o fluxo de materiais de e para a organização. Elas podem não ser responsabilidade total do pessoal de logística, mas existem sobreposições suficientes para que elas sejam tratadas pelo menos como atividades de interface e, no máximo, como parte da organização logística. De qualquer forma, a área de logística deveria estar envolvida no processo de decisão dessas funções, que afetam a programação e o volume do fluxo de bens.
a) Programação da produção
A programação da produção é o planejamento do sistema produtivo para atender às necessidades de venda. A programação do fluxo de materiais é a principal decisão após o estabelecimento da capacidade produtiva e de sua localização. O cálculo de necessidades gera os sinais de quando comprar ou produzir e em que quantidade. Assim, a programação da produção e a aquisição estão estreitamente relacionadas.
A inclusão ou não da programação da produção e da aquisição no composto de atividades logísticas ainda é questão de debate. Entretanto, deve-se reconhecer que a coordenação entre essas áreas é essencial.
b) Aquisição
A aquisição é responsável por obter os materiais produtivos necessários (assim como materiais para revenda) a preços justos, em quantidades especificadas e entregá-los no local e instante certos. É essencialmente uma função de compras. Entretanto, algumas decisões importantes, como seleção de fornecedores, política de preços e fazer-ou-comprar, estabelecem os custos e a importância do suprimento físico na organização.
- Armazenagem, manuseio de mercadorias, projeto de embalagem e sistema de informações
Armazenagem e manuseio de mercadorias são componentes essenciais do conjunto de atividades logísticas. Os seus custos podem absorver de 12 a 40% das despesas logísticas da firma.
Ao contrário do transporte, que ocorre entre locais e tempos diferentes, a armazenagem e o manuseio de materiais acontece, na grande maioria das vezes, em algumas localidades fixadas. Portanto, os custos destas atividades estão intimamente associados à seleção desses locais.
a) Armazenagem
Armazéns ou centrais de distribuição executam um papel-chave para aumentar a eficiência da movimentação de mercadorias. Permitem a compensação eficaz dos custos de estocagem com menores custos de transporte, ao mesmo tempo que mantêm ou melhoram o nível de serviço.
A armazenagem está disponível sob várias formas, conforme a possessão da facilidade e o grau de controle operacional desejado pelo usuário. Este pode beneficiar-se de diversas formas pelo uso de depósitos; as mais populares são a estocagem, a consolidação e a transferência de fretes. No caso de armazenagem pública, existem vários tipos de serviços oferecidos ao usuário. Os depósitos públicos podem também chegar a manipular toda a atividade de distribuição para o cliente.
A armazenagem pode ser encarada como um custo direto adicional do canal de suprimento ou de distribuição. Esta despesa pode ser justificada pelas economias indiretas de custos obtidas. Entretanto, a estocagem pode ser eliminada ou reduzida drasticamente pelo uso do conceito just in time, que deveria sempre ser explorado como alternativa à armazenagem.
b) Manuseio de mercadorias
Manuseio de materiais é um dos principais fatores geradores de custo no composto de atividades logísticas. O arranjo geral, arranjo físico detalhado e carregamento do armazém têm impacto significativo na eficiência do manuseio. A movimentação interna não pode ser separada dos outros itens associados à utilização do espaço físico de armazenagem. Balancear o projeto do depósito com as considerações operacionais, de ordem prática, produz um projeto final mais adequado.
c) Projeto de embalagem
Os benefícios e os custos de diversos sistemas de embalagem e empacotamento foram examinados, assim como vantagens e desvantagens da carga granelizada.
A problemática do projeto de embalagens está intimamente associada ao manuseio de produtos. É fator instrumental para a operação econômica do sistema de movimentação e armazenagem e que tem interface com as atividades de marketing. Apesar de o projeto de embalagens atender a muitos objetivos, o profissional de logística tenta obter embalagens que minimizem o custo total do manuseio e maximizem a utilização do espaço físico.
Contudo, movimentação de materiais, armazenagem e projeto de embalagem não devem ser encarados como atividades restritas apenas ao depósito. O profissional deve permanecer atento aos benefícios potenciais quando especificar essas funções, de maneira a alcançar o máximo grau de compatibilidade ao longo de todo o canal de distribuição ou suprimento, mesmo quando parte deste pode ficar fora do controle direto da companhia.
d) Sistema de Informação Logística (SIL)
"As informações não podem ser melhores que os dados que as geraram" é uma máxima freqüentemente citada sobre a qualidade da informação que alimenta o processo decisório. Reconheceu-se há muito tempo que o desempenho do planejamento e controle gerencial depende da quantidade, forma e precisão das informações disponíveis. Até alguns anos atrás, os dados na organização eram classificados, recuperados e manipulados manualmente. Com a introdução e disseminação dos computadores nos negócios, o manuseio da informação ficou bem mais formalizado. Elaborados sistemas de informação são hoje lugar-comum.
O sistema de informações logísticas (SIL) é um subsistema do sistema de informações gerenciais (SIG), que providencia a informação especificamente necessária para a administração logística.
Boa informação é um ingrediente vital no planejamento, operação e controle de sistemas logísticos. Com a crescente popularidade dos computadores na comunidade de negócios, eles transformaram-se nos principais guardiães e manipuladores de boa parte do sistema de informações operacionais de uma organização. As atividades de armazenagem de dados, classificação, manipulação e análise são designadas aos sistemas de informações gerenciais. A estrutura composta por pessoas, equipamentos, métodos e controle dirigidos para problemas específicos de fluxo de materiais é chamada de “Sistema de Informações Logísticas”. O sistema gera informação que é utilizada por grande variedade de pessoas na organização, desde a alta administração até o pessoal operacional, sendo empregado para planejar, operar e controlar o sistema logístico.
O sistema em si tem três partes básicas:
1. A entrada;
2. Processamento;
3. A saída.
A complexidade do sistema, não importando se ele é computadorizado ou manual, rápido ou lento, depende de a administração conhecer suas necessidades dos diversos tipos de informação para tomada de decisão, do formato da informação e da rapidez com que ela deve ficar disponível. Sistemas de informação estão ficando tão importantes para o planejamento e controle da logística que a administração tem dado um espaço organizacional especial para seu cuidado e manutenção.
O PRODUTO
Toda logística gira em torno do produto. Suas características freqüentemente moldam a estratégia logística necessária para deixar o produto disponível para o cliente. Compreender a natureza do produto pode ser valioso para o projeto do sistema logístico mais apropriado. O produto também é elemento sobre o qual a logística exerce controle apenas parcial.
O produto, tanto um bem como um serviço, é o objeto do esforço logístico. Compreender a natureza do produto em seu ambiente econômico dá ao especialista indicações úteis para o planejamento da estratégia de suprimento e distribuição do produto.
a) Classificação dos produtos
A classificação dos produtos auxilia a agrupá-los conforme o comportamento de seus consumidores. Clientes de bens finais têm necessidades de nível de serviço logístico diferentes daquelas dos clientes industriais. Mesmo clientes dentro de uma mesma classe podem ter diferenças significativas em suas necessidades de serviço. Uma boa estratégia de distribuição fica muitas vezes óbvia quando se faz identificações e classificação cuidadosas para o produto.
b) Ciclo de vida do produto
O ciclo de vida do produto descreve o nível de atividades das vendas que a maioria dos produtos alcança com o tempo. Os quatro estágios do ciclo de vida são:
1. Introdução;
2. Crescimento;
3. Maturidade
4. Declínio.
Cada estágio pode requerer estratégias diferentes para distribuição.
c) Curva ABC
A curva ABC expressa o fato de que a grande maioria das vendas de uma empresa é derivada de apenas relativamente poucos de seus produtos. Esta curva pode ser simplesmente o resultado de diferentes produtos em diferentes estágios de seu ciclo de vida. Esta desproporção entre vendas e número de produtos pode ser muito útil quando se decide a localização de produtos dentro do sistema de distribuição e quais produtos devem ser estocados num dado depósito.
d) Características dos produtos
As características do produto centram-se em determinados atributos físicos e econômicos que influenciam substancialmente o projeto do sistema logístico. Essas características são expressas como:
1. Relação peso-volume;
2. Relação valor-peso;
3. Substitutibilidade;
4. Característica de risco.
e) Dimensões adicionais do produto
• A embalagem: é uma das duas dimensões adicionais do produto, pode alterar as características do produto e, portanto, os requisitos para o sistema de distribuição;
• A formação de preço: como os clientes tendem a estar geograficamente dispersos e os custos variam em base geográfica, determinados aspectos da formação de preços são do interesse da logística. Apesar de o especialista da área não se envolver normalmente com questões de preço, o uso de incentivos no preço é mais facilmente justificado com base nos custos logísticos do que em outros fatores.
SISTEMA LOGÍSTICO
Raramente clientes desejam comprar bens ou serviços nos locais onde é mais econômico produzi-los. O especialista em logística deve projetar e especificar:
1. As maneiras pelas quais produção e demanda devem ser compatibilizadas;
2. Como suas diferenças geográficas devem ser transpostas..
Planejamento Logístico
Esta é a tarefa do planejamento. A concepção da rede logística, que deve movimentar produtos (ou serviços) desde as fontes até os consumidores finais, é a chave para prover o nível de serviço necessário para gerar vendas e controlar os custos.
O planejamento do sistema pode ser dividido em um problema espacial e outro temporal:
• O problema espacial, ou geográfico, envolve a localização estratégica dos sítios de armazenagem e a definição das rotas que as mercadorias devem seguir;
• O problema temporal, ou dinâmico, envolve a determinação dos melhores métodos para controle de estoques, entrada e processamento de pedidos. Um projeto extensivo do sistema pode ser conseguido com a composição das soluções de ambos os problemas.
Boa compreensão do problema da concepção do sistema logístico pode ser obtida pelo entendimento dos conceitos e princípios básicos de ciclo de vida do produto, da estrutura de fretes, da teoria do ponto dominante para localização e da curva ABC. Entretanto, mais recentemente, o uso de modelos matemáticos sofisticados tem-se desenvolvido, para auxiliar na análise de problemas de localização, estrutura de canal e planejamento operacional. Pesquisas demonstram que um número crescente de companhias vem empregando esses procedimentos computadorizados no seu planejamento.
Finalmente, os fatores de risco associados à responsabilidade legal ou às contingências podem modificar de modo significativo o projeto de sistemas logísticos determinados apenas pelo balanço entre custo e serviço.
Organização E Controle Logísticos
Ter excelente planejamento para disponibilizar produtos e serviços para os clientes não garante que os objetivos logísticos serão cumpridos. Estes planos devem ser colocados em ação e seus desempenhos devem ser continuamente monitorados. Assim, é responsabilidade da operação do sistema logístico definir a estrutura interna na empresa, que deverá controlar o fluxo de bens e serviços e planejar as atividades logísticas. A organização e o controle são duas atividades-chaves em logística.
a) Organização logística
A organização trata especificamente da estruturação dos relacionamentos entre os profissionais da empresa, de maneira a administrar as atividades logísticas eficazmente. O projeto organizacional define quem tem autoridade e responsabilidade pelo planejamento e controle dos custos e do nível de serviços logísticos. As alternativas de estrutura organizacional variam desde relacionamentos informais até relações formais rigidamente definidas. O propósito desta seleção de alternativas é alcançar a coordenação entre as diversas atividades logísticas, que podem estar em conflito umas com as outras. A escolha de uma estrutura organizacional em particular depende de:
1. Natureza das operações da firma;
2. Importância da logística em face de marketing, finanças e manufatura dentro da empresa;
3. Clima organizacional específico da firma.
O posicionamento organizacional dentro da estrutura da firma é um compromisso entre o:
1. Desejo de manter uma organização descentralizada e próxima aos clientes: oferecendo serviço rápido e bem ajustado às suas necessidades específicas;
2. Anseio de manter uma organização centralizada: que oferece boa coordenação entre as atividades e controle rígido dos custos.
O posicionamento é assunto importante para empresas maiores, que têm diversas divisões e múltiplas linhas de produtos.
As considerações organizacionais não se restringem apenas à parte interna da empresa. A organização necessária para coordenar as atividades de membros associados, mas legalmente separados, no canal logístico oferece inúmeras oportunidades para a administração, mas hoje ainda é pouco explorada.
b) Controle logístico
O controle da logística recebe constante atenção por parte da administração, pois um ambiente constantemente mutável e eventos imprevistos a todo momento desviam as atividades logísticas dos seus níveis de desempenho planejados. Pode-se acabar não atingindo os objetivos da companhia.
O controle gerencial envolve:
1. A definição de metas e padrões de desempenho;
2. A medida do desempenho;
3. A tomada de ações corretivas.
As ferramentas básicas do controle são os diversos relatórios e auditorias que medem o desempenho. O uso de computadores para auxiliar a administração nas tarefas rotineiras de controle do sistema está-se disseminando cada vez mais.
b) NÍVEL DE SERVIÇO LOGÍSTICO
O nível de serviço é uma das razões do esforço logístico. Ele tem muitas dimensões, mas, para o especialista da área, a média e a variabilidade do tempo de preenchimento e entrega do pedido, a exatidão com que os pedidos são preenchidos e as condições com que os produtos chegam são suas principais incumbências. Estes são os elementos do nível de serviço que costumam estar sob controle da logística e que são em geral facilmente mensuráveis.
Nível de serviço logístico é a qualidade com que o fluxo de bens e serviços é gerenciado. É o resultado líquido de todos os esforços logísticos da firma. É o desempenho oferecido pelos fornecedores aos seus clientes no atendimento dos pedidos. O nível de serviço logístico é fator-chave do conjunto de valores logísticos que as empresas oferecem a seus clientes para assegurar sua fidelidade. Como o nível de serviço logístico está associado aos custos de prover esse serviço, o planejamento da movimentação de bens e serviços deve iniciar-se com as necessidades de desempenho dos clientes no atendimento de seus pedidos. Controlar o nível de serviço é vital. O custo logístico cresce rapidamente à medida que maior nível de serviço é estabelecido. Além disso, o nível de serviço tem efeito gerador de receita pela influência que tem na escolha do fornecedor com o melhor serviço. Acaba ocorrendo um balanceamento entre as vendas produzidas por melhor serviço e os custos necessários para provê-los. Portanto, ele é um elemento-chave no desenvolvimento de estratégias logísticas.
Quando uma estratégia é desenvolvida, ela deve ser administrada. Isto envolve o monitoramento das necessidades dos clientes e a determinação das diferentes necessidades por tipo de cliente, área geográfica e tipo de produto. Assim, padrões devem ser fixados para auxiliar a manutenção dos níveis de serviço da firma, planos para paralisações do sistema logístico e para possível recolhimento de produto são modos adicionais pelos quais os clientes podem ficar satisfeitos com o desempenho logístico do fornecedor.
FUTURO DA LOGÍSTICA
As tendências econômicas mostram que os custos para movimentação de bens e distribuição de serviços devem crescer proporcionalmente às outras atividades, tais como manufatura e marketing. O aumento nos custos de combustível, a implantação de melhorias de produtividade e a questão ecológica vão contribuir para o prestígio da logística. A maior importância dos assuntos logísticos vai atrair maior atenção por parte da administração.
A inflação, o consumismo e a ecologia são forças que atuam para prestigiar a logística. Entretanto, o caráter de suas operações não vai ser muito diferente do atual. O uso de tecnologias novas e revolucionárias não será o foco de atenção dos administradores para solução de seus problemas logísticos nas duas próximas décadas. Pelo contrário, a administração cautelosa vai procurar extensões da tecnologia existente. O uso de computadores deverá expandir-se substancialmente.
As responsabilidades do profissional de logística deverão aumentar rapidamente nas próximas duas décadas. Não apenas será responsável pelas funções de distribuição física e de administração de materiais no seu país, como também deverá controlar a crescente área da logística internacional. Finalmente, o profissional começará a aplicar seus conceitos e princípios aos problemas operacionais das organizações de serviços, tais como bancos, igrejas e hospitais. Pelo ano 2000, esses problemas serão tão importantes quanto os da manufatura.
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