Por Jorge Paulino
Primeiro Prêmio Nobel português, morreu nesta sexta-feira em sua casa nas Ilhas Canárias, aos 87 anos. A fragilidade da sua saúde vinha se acentuando a alguns anos, provocando diversos boatos sobre a sua vida.
Um olhar cético e uma visão pessimista sobre a sociedade, José Saramago foi a voz da genialidade e da picardia contra as injustiças, a Igreja e o poderio econômico massacrante de uma sociedade perversa, que ele via como uma das grandes doenças de seu tempo.
No final de 2009, publicou seu último romance "Caim", um olhar irônico sobre o Velho Testamento, sendo muito criticado pela Igreja Católica, autor de obras como "O Ano da Morte de Ricardo Reis", "O Evangelho Segundo Jesus Cristo" e "Ensaio sobre a Cegueira".
Em entrevista à Revista do Expresso em Outubro de 2008, Saramargo definiu com extrema objetividade a sociedade contemporânea.
“Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma.”
Em dezembro de 2008, durante apresentação em Madri de "As Pequenas Memórias", obra em que recorda sua infância entre os cinco e 14 anos, ele atacou "Estamos afundados na merda do mundo e não se pode ser otimista. O otimista, ou é estúpido, ou insensível ou milionário".
“O que as vitórias têm de mau é que não são definitivas.
O que as derrotas têm de bom é que também não são definitivas.”
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Meu amigo Engenheiro Jorge Paulino, gostaria de parabeniza-lo por ser um defensor da boa cultura, Saramargo é quem podemos chamar de gênio da literatura contemporanêa da Língua Portuguesa.
ResponderExcluirContribuo com duas refelexões de Saramargo
"Se antes de cada ato nosso,puséssemos prever todas as consequências dele,e pensar nelas a sério, primeiro as imediatas, depois as prováveis, depois as possíveis, depois as imagináveis, não chegaríamos sequer a mover-nos de onde o primeiro pensamento nos tivesse feito parar"
"O homem deixou de respeitar a si mesmo quando perdeu o respeito por seu semelhante"
Engenheiro Wanderson Telles
Amigo Wanderson, Saramargo é quem podemos definir de um homem além do seu tempo.
ResponderExcluirOportuna as suas citações de Saramargo, gostaria de contribuir com mais essas duas, que falam muito da personalidade deste ilustre pensador.
"Há coisas que nunca se poderão explicar por palavras.." e,
"Não tenha pressa, mas não perca tempo"
Agradeço os sempre oportunos comentários.