Texto disponível em http://ceticismo.net
Com o passar do tempo, as TVs não apresentaram mais aqueles dois “chifres”, mas isso não pode ser extendido a outros sistemas de transmissão/recepção. Antenas externas continuam sendo importantes. Agora, imagine que você possa dobrar, torcer, puxar, esticar, virar e brincar como se fosse quase uma sanfona e ainda assim a antena ficar inteirinha. O que hoje pode parecer ridículo, talvez seja o futuro, ainda mais se levarmos em conta que alguns aparelhos possam ser flexíveis.
Ju-Hee So, do Departamento de Química e Engenharia Biomolecular da Universidade Estadual da Carolina do Norte e seus colegas estão trabalhando numa antena maleável, que pode ser deformada de qualquer maneira, mas que sempre volta ao formato original, sem perder sua funcionalidade. O trabalho foi publicado na revista Advanced Functional Materials.
Em princípio, o foco é a aplicação em aparelhos militares, cujo maior problema é o volume ocupado. Assim, aparelhos dobráveis alegram, fazem bem e previnem que você ocupe menos espaço, de modo a não servir de alvo móvel com muita facilidade. Aliado a isso, tais antenas também serviriam para aplicações na construção civil, onde elas poderiam ajudar na monitoração de estruturas de pontes, registrando dados como dilatação e contração da estrutura, fornecendo informações preciosas a engenheiros civis sobre a quantas andam o estado da referida construção.
O segredo do aparato baseia-se na configuração fluídica da antena. Em temos leigos, a antena é - nada mais, nada menos - uma liga metálica em estado líquido, injetada em microcanais com 0,5 mm de largura e encerrada num elastômero de polidimetilsiloxano (PDMS). Segundo o artigo, empregou-se litografia para fabricação da antena, cuja liga líquida possui baixa viscosidade à temperatura ambiente e possui uma fina película de óxido que oferece estabilidade mecânica para o líquido dentro dos canais inscritos no elastômero. A liga usou os metais índio e gálio, onde o gálio possui ponto de fusão baixo (cerca de 29 ºC), formando uma mistura eutética. Por isso, o composto é chamado de EGaIn.
Essa liga possui muitas vantagens sobre o mercúrio e uma solução salina. No caso do mercúrio, ele é muito tóxico; além disso, possui energia de superfície elevada, o que impede a formação de estruturas mecânicas estáveis. A água salina é um excelente meio conduor, entretanto, a água pode evaporar lentamente, fazendo com que a mistura se concentre cada vez mais (a solubilidade do NaCl em água é de cerca de 36g/100 mL), a ponto de não haver mais água e deixando de ser meio condutor, já que sal puro possui ligações iônicas muito fortes, que impedem q passagem de corrente elétrica.
Aproveitando as características dessa antena, Ju-Hee também está trabalhando na construção de olhos artificiais, onde tais antenas iriam enviar os sinais visuais ao cérebro para ajudar as pessoas cegas a recuperar certa parcela da visão. Sua maleabilidade daria melhor eficiência e ajudaria no fator estético, já que ninguém gostaria de andar por aí parecendo uma TV da década de 70, ou ser confundido com o ET de Varginha.
Particularmente, o que achei de mais genial nessa antena é o que, ao meu ver, pode ser chamado de “cicatrização”. O EGaIn forma um óxido que funciona como uma película protetora, que confere resistência mecânica ao dispositivo, impedindo que o líquido escoe. Em linguagem mais simples, quando você corta a película, o líquido não vaza, pois o óxido formado age que nem a casquinha numa ferida. No caso da ferida, a casca formada pela coagulação do sangue, propiciado pelas plaquetas (entre outras coisas), impede que a pessoa continue sangrando até a morte, dando tempo para as células se multiplicarem e fecharem de vez o corte. De modo semelhante, mesmo que cortemos esta antena com uma lâmina de barbear, por exemplo, o processo de oxidação aconteceria de forma tão rápida que imediatamente fecharia o corte, impedindo quaisquer vazamentos.
Obviamente, nada é perfeito. A antena possui certos problemas se for empregada como componente estático, embora tal inconveniência possa ser solucionada adaptando-a em algum suporte. O elastômero é resistente à deformação em até 40%, caso ele seja esticado, mas não esperam deformá-lo tanto assim. Agora, é esperar para ver quando ela será comercializada.
Opa!
ResponderExcluirPassando pra me atualuzar nos seus escritos e pra convida-lo a passal la no Espelhando e Espalhando
Amigos, ha textos otimos la de varios blogs.
Bjins
Sim, passo sempre lá é um excelente Blog que faz parte dos meus Blogs de Cabeceira, os textos são ótimos!
ResponderExcluirParabéns!!!
heheh!!! Também me lembro de meu pai aboletado no telhado para fazer um arrajo nas antenas a pedido da minha mãe. E ainda hoje tenho uma antena chifrudinha numa TV que não esta conectada a TV à Cabo. Mas garanto que daqui uns anos essa Antena Flexivel virá para ficar porque é simples e prática. bjs
ResponderExcluirSou engenheiro químico mas reconheço que perdi muito da minha curiosidade científica ao longo da carreira. Seu blog é muito bem feito, e virei aqui para me atualizar.
ResponderExcluirInclusive quanta gente já perdeu a vida caindo de telhados; ou tomando choques. A informação é interessante.
ResponderExcluirabraço
Primeira vez que visito este blog e achei muito legal mesmo, parabéns!
ResponderExcluirAgradeço os comentários elogiosos da Doroni Hilgenberg,do Dom Quixote(Thomaz), do Araújo e do Painéis Elétricos, o objetivo do blog é esse além de difundir conhecimento, fazer novos amigos.
ResponderExcluirA todos o meu agradecimento...