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Por Leonam Souza
Engenheiro Agrônomo
Disponível em: http://leonamsouza.blogspot.com/
O Sistema de Alerta de
Desmatamento – SAD que é operado pela organização não governamental Instituto
do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia - IMAZON, em dezembro de 2010 havia
detectado 175 quilômetros quadrados de desmatamento na Amazônia Legal, o que significou
um aumento de 994% em relação a dezembro de 2009. Já em janeiro de 2011 foi
registrado 83 quilômetros quadrados de desmatamento, ou seja, um aumento de 22%
em relação a janeiro de 2010, ano em que as florestas degradadas na Amazônia
Legal Brasileira somaram 541 quilômetros quadrados. Frente a esses números o
governo do Brasil anuncia que não concorda com a redução de Áreas de
Preservação Permanente – APPs e que vetará trechos do projeto que altera o
Código Florestal se o Congresso aprovar a anistia para desmatadores.
Neste contexto, as nações que
possuem em seu patrimônio natural parte do riquíssimo ecossistema florestal
amazônico decidiram estabelecer critérios e indicadores para avaliar o manejo
florestal sustentável (também conhecidos como indicadores de Tarapoto). Tais
critérios foram formulados e aprovados no âmbito do Tratado de Cooperação
Amazônica - TCA, assinado pela Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana,
Peru, Suriname e Venezuela, em 1978. O objetivo é promover a cooperação regional
para o desenvolvimento sustentável na região amazônica. No processo de
elaboração dos critérios e indicadores, lançado em 1995 e concluído em 2001,
foram feitas amplas consultas nacionais e regionais, resultando na seleção de
15 indicadores prioritários para avaliar a gestão florestal sustentável num
grupo de 77 anteriormente identificados. Em 2004, a Organização do Tratado de
Cooperação Amazônica - OTCA, com o apoio da Organização das Nações Unidas para
a Alimentação e Agricultura - FAO realizou a validação dos indicadores
prioritários selecionados para estudar a viabilidade de sua aprovação no
processo de decisão.
O processo de validação dos
indicadores estimulou uma reflexão sobre a questão da informação de gestão
florestal e indicou o monitoramento da cobertura florestal como um aspecto
fundamental para trabalhar em nível regional, pela sua importância tanto como
uma contribuição para os processos políticos nacionais em relação à região,
como para embasar as discussões internacionais.
O monitoramento da cobertura
florestal contribuirá diretamente para quantificar os seguintes indicadores:
(a) tamanho das áreas por tipo de floresta; (b) a taxa de conversão de
floresta; (c) a proporção de áreas de proteção ambiental em relação às áreas de
produção permanente, e (d) contribuição para a conservação da diversidade
biológica.
Entre 2005 e 2006, com o
apoio da Agência Brasileira de Cooperação do Ministério das Relações Exteriores
do Brasil - ABC/MRE, a Secretaria Permanente da OTCA - SP/OTCA implementou o
projeto "Agenda Comum da Amazônia." Este projeto permitiu-nos avaliar
a viabilidade da adoção de diversos modelos e sistemas utilizados para
monitorar a cobertura florestal. Concluiu também que o sistema utilizado pelo
Brasil oferece a melhor relação custo-benefício. A opção de utilizar software
livre, imagens e metodologia de análise de vetores foram os principais
determinantes dos resultados da avaliação e confirmou que o sistema
desenvolvido pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE é mais adequado
às necessidades de acompanhamento regional.
No entanto, a adoção de uma
metodologia comum para monitoramento da cobertura florestal amazônica também
requer uma atenção especial das instituições nacionais, uma vez que na maioria
dos países envolvidos, existem laboratórios de sensoriamento remoto e
instituições que trabalham neste setor. É por esta razão que a estratégia de
implementação do projeto considera como ponto de partida o desenvolvimento de
Planos Nacionais de Vigilância Florestal. Porém, não basta ter as ferramentas
tecnológicas que permitam acompanhar o avanço do desmatamento em tempo real, é
também necessário institucionalizar o uso de um indicador de desmatamento e de
uso da terra no processo decisório. Assim, é preciso consolidar os sistemas nacionais
de monitoramento da floresta em todos os países membros da OTCA, para que
efetivamente possam contribuir na implementação de políticas nacionais de
combate ao desmatamento e no desenvolvimento da região.
É de se esperar que a
utilização de modernas técnicas de sensoriamento remoto resultem no aumento da
governança na Amazônia e no uso racional dos recursos disponíveis, permitindo a
intensificação da cooperação regional e o intercâmbio de estratégias de combate
ao desmatamento e degradação ambiental. Por outro lado, acredita-se que os
avanços tecnológicos também possam ajudar nos esforços para monitorar o
desmatamento causado pela exploração seletiva de madeira.
Todos nós esperamos que este
esforço conjunto dos países sul-americanos feito através do projeto de
monitoramento do desmatamento e das mudanças no uso do solo da floresta
amazônica, liderado pela OTCA, venha realmente estancar o crescimento do
desmatamento que avança célere até sobre as áreas consideradas de preservação
ambiental e legalmente protegidas.
Artigo publicado na coluna
AMBIENTE EM TRANSE do Jornal da Cidade Online - Disponível em http://www.jornaldacidadeonline.com.br/leitura_artigo.aspx?art=3361
Autorizada a reprodução total ou parcial deste Artigo, desde que citada a fonte - http://leonamsouza.blogspot.com/.
Vedada a memorização e/ou recuperação total ou parcial, bem como a inclusão de trechos ou partes, em qualquer sistema de processamento de dados.
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