Lendo e refletindo sobre um artigo da Bióloga e Gestora
Ambiental Érica Sena, verifiquei o quanto ainda temos que avançar, mas as medidas
vão além da educação e da conscientização da sociedade, ela tem também aspectos
políticos.
Um das grandes preocupações ambientais da atualidade é o que
fazer com o lixo urbano, principalmente o residencial e o comercial.
Depois de termos algumas gerações vivendo um período de consumismo
desenfreado - sem a plena consciência ambiental, as novas gerações devem ser
preparadas para evitarem o desperdício e viverem de forma mais sustentável; as
escolas terão um papel primordial, mas para isso é necessário se renovar e
inovar.
A “educação” e a “conscientização”, são os principais
ingredientes para a resolução do problema da “cultura do lixo urbano”. Em países
desenvolvidos, o descarte do lixo já é feito em locais designado para esse fim;
a coleta em na porta de casa é um luxo que muitos países ricos não se dão.
Em vários países da Europa, o sistema de “coleta” de lixo
acontece com a conscientização, você leva seu lixo devidamente separado e o
descarta em locais próprios que tenham infra estrutura para separação dos
materiais, em depósitos ou containers específicos.
Esse modelo poderia ser adotado no Brasil, as cooperativas
seriam o local para o descarte do “lixo urbano”, as prefeituras ficariam
encarregadas da coleta do material não aproveitável e do pagamento das
Cooperativas e os materiais recicláveis virariam complemento de renda dos
cooperados, assim os garis teriam a função da conservação do Patrimônio
Público.
Se nós refletíssemos o que fazer com o lixo, teríamos uma
sociedade mais consciente, a separação do lixo é essencial para o funcionamento
correto das cidades de hoje.
Só
temos uma certeza, o futuro dependerá das medidas do presente, do agora!!!!
Você sabia que seu lixo mostra quem você é?
Por Érica Sena
Bióloga, Gestora Ambiental,
Educadora
Disponível em: http://pensareco.blogspot.com/
Como assim?
Bem, eu te explico caro leitor, mas antes te faço outras
perguntas: “o que é lixo para você?”,“ de onde ele vem ?”, ‘ para onde ele
vai?”. Lá estou eu te enchendo de perguntas estranhas, não é?”.
Foram estas mesmas perguntas que fiz aos meus alunos do EJA
e para surpresa descobri que coisas que pareciam óbvias para mim, não eram para
eles. Assim, percebi que falta informação e sensibilização de
todos. Só respeitamos e cuidamos daquilo que conhecemos e gostamos, não é
mesmo? . Por isso resolvi tentar novas vias de acesso a essa sociedade carente
de informação e massacrada pela mídia. Será que conseguirei? Espero que algumas
sementes germinem dentro de alguns de vocês. E que vocês semeiem também.
Voltando ao foco principal, lixo é todo resíduo vindo
das atividades humanas, que são descartados na maioria das vezes, sem haver
preocupação se teria outra serventia, para onde iria e se sua disposição era
correta. Ainda bem que esse conceito está sendo mudado e cada vez mais cresce
esta preocupação em separar materiais que possam ser reutilizados e reciclados,
diminuindo assim a quantidade de lixo jogado nos aterros.
Quem nunca viu alguém jogando das janelas de carros, ônibus,
ou mesmo a pé, lixo no chão? Infelizmente são cenas corriqueiras em nossa
cidade. Será que estas pessoas têm noção da conseqüência de seus atos, como
enchentes, proliferação de animais e doenças, mau cheiro, sujeira, talvez não.
Repense no que deve consumir, se agride ou não o meio
ambiente ,se tem trabalhos socioambientais, se não trata de mais supérfluos em
sua casa.
Reduza o seu consumo..compre apenas o necessário.
Recuse produtos que não sejam ambientalmente corretos,
além de embalagens como as sacolinhas de plástico.
Reutilize embalagens, produtos que ainda sirvam para
artesanatos, ou mesmo doe para outras pessoas, ONGs.
Recicle, ou melhor, faça a coleta seletiva e permita
que indústrias reciclem. Nós confundimos os termos reciclagem com reutilização.
Mas isso deixaremos para depois.
O Lixo
Texto de Luis Fernando Veríssimo
Encontram-se na área
de serviço.
Cada um com seu
pacote de lixo.
É a primeira vez que
se falam.
- Bom dia…
- Bom dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612
- É.
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente…
- Pois é…
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo…
- O meu quê?
- O seu lixo.
- Ah…
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena…
- Na verdade sou só eu.
- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar…
- Entendo.
- A senhora também…
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim…
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra…
- A senhora… Você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora?
- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
- Pois é…
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
- Como é que você sabe?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo…
- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
- É, chorei bastante, mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos…
- É que eu estou com um pouco de coriza.
- Ah.
- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada?
- Não.
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo!
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.
- Não! Você viu meus poemas?
- Vi e gostei muito.
- Mas são muito ruins!
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler…
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que…
- Ontem, no seu lixo…
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode…
- Jantar juntos?
- É.
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha?
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
- Bom dia…
- Bom dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612
- É.
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente…
- Pois é…
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo…
- O meu quê?
- O seu lixo.
- Ah…
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena…
- Na verdade sou só eu.
- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar…
- Entendo.
- A senhora também…
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim…
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra…
- A senhora… Você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora?
- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.
- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
- Pois é…
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
- Como é que você sabe?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo…
- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
- É, chorei bastante, mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos…
- É que eu estou com um pouco de coriza.
- Ah.
- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada?
- Não.
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo!
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.
- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.
- Não! Você viu meus poemas?
- Vi e gostei muito.
- Mas são muito ruins!
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler…
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.
- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que…
- Ontem, no seu lixo…
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode…
- Jantar juntos?
- É.
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha?
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.
- No seu lixo ou no
meu?
Oi amigo,
ResponderExcluirficou ótimo... ainda mais com suas palavras e do Luis Ferndando Verissimo...hehehe
O ultimo artigo, não publicado fala sobre a diferença q encontrei na ida a Europa...o Brasil tem potencial, mas falta politicas públicas.
OBrigada pela divulgaçao do meu trabalho.
Sucesso a seu blog
Érica Sena- Pensar Eco
Alcançar um equilíbrio conjunto do crescimento urbano de uma forma sustentável, é uma questão se suma importância para o desenvolvimento do nosso país, porém, atingir tal patamar é um grande desafio ao qual ainda não tivemos êxito. Existem várias questões que abrange o motivo do “porque que o governo ainda não conseguiu sanar os problemas ” , de um crescimento desordenado, onde não existe um planejamento e infra-estrutura adequada, conciliada juntamente com a falta de consciência e educação das pessoas. Uma solução ao meu ver, seria de que houvesse leis mais rigorosas no quesito da questão ambiental, mais coletas seletivas, mais interesse da sociedade na colaboração dos resíduos não utilizados ou aparas pós consumo (dentre elas, orgânicos e inorgânicos), na destinação final desses produtos, e incentivo as reciclagens.
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